O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado após a Polícia Federal revelar um esquema de fraude com descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas, envolvendo sindicatos e associações. Pano de fundo:
- O escândalo expõe falhas graves no controle de pagamentos do INSS e pode afetar milhares de beneficiários.
- O que temos visto: A investigação já mira servidores públicos e entidades de classe, ampliando o alcance das apurações e pressionando o governo por respostas rápidas.
Entidades de classe sob investigação: como funcionava o esquema de descontos irregulares no INSS
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União identificaram que entidades de classe, como sindicatos e associações, descontavam mensalidades diretamente dos benefícios do INSS sem autorização dos aposentados e pensionistas.
O esquema utilizava Acordos de Cooperação Técnica com o INSS, que exigem consentimento formal do beneficiário, mas há indícios de falsificação de assinaturas e registros. Entre abril e julho de 2024, a CGU entrevistou 1.273 beneficiários; apenas 31 confirmaram ter autorizado os descontos. Isso indica que a maioria dos descontos foi feita sem consentimento, caracterizando fraude.
As investigações apontam que onze entidades estão diretamente envolvidas, com outras 20 sob suspeita. O Ministério Público e o TCU apuram também a possível participação de servidores públicos no esquema. O Sindnapi, um dos alvos da Operação Sem Desconto, nega irregularidades, mas permanece sob investigação. A Polícia Federal também identificou movimentações suspeitas, como 33 viagens realizadas por uma das investigadas em menos de um ano, sugerindo possível uso de recursos ilícitos.
A dimensão da fraude: números, vítimas e o papel das assinaturas falsas
A investigação revelou que o esquema atingiu milhares de aposentados e pensionistas do INSS. Entre abril e julho de 2024, a CGU entrevistou 1.273 beneficiários; apenas 31 confirmaram ter autorizado descontos, evidenciando que mais de 97% foram vítimas de cobranças não consentidas.
O número de entidades envolvidas é expressivo: onze já são alvo direto da Polícia Federal, enquanto outras 20 permanecem sob suspeita. O impacto financeiro ainda está sob apuração pelo TCU e Ministério Público. O uso de assinaturas falsas foi central para viabilizar os descontos irregulares. Investigadores identificaram falsificação de consentimentos, permitindo que mensalidades fossem descontadas sem ciência dos beneficiários.
As vítimas, em sua maioria idosos, sofreram prejuízos diretos em seus benefícios. Além das perdas financeiras, muitos receberam mensagens fraudulentas prometendo devolução de valores, ampliando o dano causado pelo esquema.
Mensagens falsas e novas armadilhas: como golpistas tentam enganar vítimas após o escândalo
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Após a divulgação do esquema de descontos irregulares no INSS, golpistas intensificaram o envio de mensagens falsas a aposentados e pensionistas. Os criminosos se passam por órgãos oficiais ou entidades de classe, prometendo devolução imediata dos valores descontados. As mensagens, geralmente enviadas por WhatsApp, SMS ou e-mail, solicitam dados pessoais, bancários ou cobranças de taxas para suposta liberação do reembolso.
Em alguns casos, há links maliciosos que podem roubar informações ou instalar vírus.
- não forneça dados bancários e pessoais por mensagem ou telefone.
- Confirme informações diretamente com o INSS pelos canais oficiais.
- Evite clicar em links recebidos por mensagens não solicitadas.
A orientação das autoridades é que vítimas desconfiem de qualquer contato não oficial e denunciem tentativas de golpe à Polícia Federal ou ao próprio INSS.
Ministério Público e TCU: apuração de responsabilidades e impactos financeiros
O Ministério Público Federal solicitou ao Tribunal de Contas da União a investigação de servidores públicos ligados ao esquema de descontos irregulares no INSS. O pedido inclui atuação conjunta com a Polícia Federal para apurar responsabilidades administrativas e criminais.
O TCU analisa o envolvimento de funcionários do INSS na autorização e operacionalização dos descontos sem consentimento. A apuração busca identificar falhas de controle interno e possíveis conivências. A investigação também foca nos impactos financeiros.
O TCU calcula o valor total descontado indevidamente de aposentados e pensionistas, além de rastrear o destino dos recursos. Os resultados dessas apurações serão encaminhados ao Ministério Público para responsabilização dos envolvidos e eventual recuperação dos valores desviados.
Afastamento do presidente do INSS: repercussão política e institucional do escândalo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou o afastamento imediato de Alessandro Stefanutto do comando do INSS após a revelação do esquema de descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas. A decisão gerou forte repercussão política. Parlamentares da base e da oposição cobraram apuração rigorosa e responsabilização de gestores.
O governo busca demonstrar resposta rápida para conter danos à imagem e preservar a confiança no sistema previdenciário. Institucionalmente, o afastamento sinaliza prioridade na investigação e reforça a necessidade de revisão dos controles internos do INSS.
O Ministério Público, o TCU e a Polícia Federal intensificaram a apuração sobre a participação de servidores e a extensão das fraudes. A medida também pressiona entidades de classe envolvidas e amplia o debate sobre a transparência nos acordos firmados com o INSS. O episódio expôs fragilidades na fiscalização e aumentou a cobrança por mudanças estruturais no órgão.
Viagens suspeitas e o papel das lideranças sindicais: o que dizem os investigados
A Polícia Federal identificou que uma das investigadas no esquema de descontos irregulares do INSS realizou 33 viagens em menos de um ano. Os deslocamentos frequentes levantam suspeitas sobre o possível uso de recursos obtidos de forma ilícita pelas entidades envolvidas. Frei Chico, diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) e irmão do presidente Lula, declarou apoiar a investigação integral das irregularidades.
Ele afirmou que o Sindnapi “não cometeu irregularidades” e defendeu a transparência no processo. O Sindnapi, alvo da Operação Sem Desconto, nega envolvimento em fraudes e alega que todos os descontos seguiram procedimentos legais. Outras entidades investigadas também negam irregularidades e afirmam colaborar com as autoridades.
As lideranças sindicais argumentam que os acordos com o INSS exigem consentimento formal dos beneficiários e que eventuais falhas devem ser apuradas individualmente. Até o momento, nenhum dirigente foi formalmente acusado.